Escrito pela flautista Andrea Ernest Dias, esse livro conta a não tão conhecida biografia, mas bastante relevante para música brasileira, de Moacir Santos, sertanejo que brilhou até mesmo em palcos da Califórnia. Maestro, multi instrumentista, compositor, arranjador, Moacir Santos nasceu em 1926, no pequeno distrito de Bom Nome, localizado às margens da BR-232 e pertencente ao município de São José do Belmonte/PE. No livro, a autora relata uma história de superação da infância pobre, uma busca incessante para viver de música, uma disciplina invejável para se aprimorar na sua atividade, além de toda sua carreira como músico.
A maior parte da infância do menino Moacir foi vivida na cidade de Flores, onde, aos 9 anos de idade, não perdia um ensaio da banda da cidade e hoje existe uma estátua em sua homenagem. Órfão, negro nos idos da primeira metade do século XX e vivendo em situação de miséria, Moacir Santos se encontrou na música instrumental e desde cedo foi em busca de realizar o difícil sonho de ser músico profissional. Antes de se tornar um maestro de sucesso e reconhecido por expoentes da música brasileira, Santos perambulou por várias cidades, pulando de emprego em emprego para se manter, mas com o intuito de obter sucesso na carreira artística. Desse modo, passou por várias cidades, tais quais Serra Talhada/PE, Triunfo/PE, Arcoverde/PE, Pesqueira/PE, Recife, Salvador, João Pessoa, entre outras, tocando saxofone e outros instrumentos nas bandas das respectivas cidades.
Após rodar e tocar pelos cantos do nordeste, foi para o Rio de Janeiro, onde sua trajetória deslanchou. Na capital carioca, construiu seu carreira autoral, sendo o LP “Coisas” seu mais conhecido trabalho em solo nacional, estudou e se tornou professor reconhecido por grandes nomes da música brasileira, como Vinicius de Moraes e Baden Powell, na canção Samba da Bênção (“A bênção, maestro Moacir Santos/ Não és um só, és tantos como/O meu Brasil de todos os santos”).
Era muito requisitado também para compor trilhas sonoras para o cinema, na década de 60. Como característica do seu som, o maestro misturava a tradição erudita, européia, com suas origens afro-brasileiras e os ritmos regionais nordestinos. “Na música popular o ritmo é constante, é uma diferença. Eu sinto falta, quando estou embrenhado em música sinfônica, sinto falta daquele ritmo que é o meu berço, vou ter que achar um jeito que os instrumentos façam a minha percussão, que eu fique satisfeito. Pois bem, esse é o meu sonho não realizado”.
Em seguida, Moacir Santos foi para os Estados Unidos, onde ganhou prestígio no país do jazz, tendo se voltado para esse tipo de ritmo. Faleceu em 2006, aos 80 anos, em consequência de um derrame, em Pasadena, na Califórnia, após ter recebido vários prêmios e condecorações, no Brasil e Estados Unidos, devido a sua obra. No livro, Andrea Ernest Dias detalha as origens desse relevante músico brasileiro, porém pouco conhecido do grande público, bem como faz uma análise musical para os iniciados no assunto.
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