As Alegrias da Maternidade
O terceiro post de janeiro/2018 é sobre o livro da autora nigeriana Buchi Emecheta. Seu tema: maternidade, machismo e choque cultural na Nigéria colonial dos anos 1900.
As alegrias da maternidade é um livro repleto de frases de impacto, com pontas de ironia, das que nos fazem parar e ficar pensando sobre elas durante vários segundos antes de retomar a leitura avidamente.
Em meu sentir, no entanto, a última frase de Ona, mãe da personagem principal, foi a mais marcante e guiou toda a história:
"Agbadi", disse com voz rouca, "não está vendo que não era meu destino viver com você? Mas você é teimoso, meu pai era teimoso, e eu também sou teimosa. Por favor, não lamente minha morte por muito tempo; e não se esqueça de que, por mais que ame minha filha Nnu Ego, deve permitir que ela tenha vida própria, um marido, se desejar. Permita que ela seja mulher".
Afinal, o que é "permitir ser mulher"?
Pergunta complexa, ainda mais para a protagonista Nnu Ego, que saiu de sua tribo em Ibuza, no interior da Nigéria, para Lagos, cidade que vinha sofrendo com a forte influência dos colonizadores britânicos. A sinopse, presente na contracapa do livro, traduz bem a situação que ela terá que enfrentar:
Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma "mulher completa", submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.
A história de Nnu Ego, advinda de uma cultura machista e vivendo em uma sociedade em transição, é tocante pela fidelidade da protagonista às suas crenças acerca da maternidade e de seus deveres enquanto mulher. No entanto, ao criar seus filhos em uma cidade permeada por novos valores, irá confrontar grandes desafios.
A vida de Buchi Emecheta, autora do livro, não é menos surpreendente. Aos vinte e dois anos e com cinco filhos, precisou encarar a cidade mais cosmopolita do mundo, Londres, após o término de um casamento opressor. No entanto, sua vontade de escrever era tamanha que criou sozinha os filhos renegados pelo pai e se graduou em Sociologia, sendo autora de diversos livros como The Bride Price (O preço da noiva) e The Slave Girl (A pequena escrava). Após receber o impacto da notícia de que uma de suas filhas iria morar com o pai, escreveu As alegrias da maternidade, sua obra mais famosa.
As histórias de Nnu Ego e de Buchi Emecheta nos dão a oportunidade de conhecer as formas que as mulheres têm vivido em diversas partes do mundo e de desenvolver reflexões acerca dessas experiências.
"Ser mulher" é incógnita, depende de onde e de quando você vive. Nos mais diversos lugares, sempre vem acompanhado de estereótipos a serem seguidos. Certo que, em todas as culturas, esperam comportamentos tanto do lado masculino quanto do feminino. Ocorre que, as mulheres, em geral, são as mais prejudicadas nessa relação. Até entre os que se dizem mais modernos.
"Permitir ser mulher", no entanto, tem um significado diferente. As palavras de Ona vêm carregadas de um sentimento de liberdade que, ao longo da história, vemos que somente se tornaria possível através do acesso à educação e à informação. Nnu Ego, no entanto, só conhecia a cultura de seu povo igbo, para os quais o mais importante na vida de uma mulher era a concretização da maternidade.
Assim, segue sua vida dedicada aos filhos e ao marido, não conhecendo outras alegrias que não sejam relacionadas à vida familiar. No entanto, estas também vêm acompanhadas de grandes tristezas e muita luta, as quais vão consumindo a protagonista pouco a pouco.
As alegrias da maternidade não é um livro comum, pelo que tem a acrescentar ao pensamento crítico acerca da liberdade para sermos as mulheres que desejarmos e sobre os percalços da maternidade. É um livro sobre a força da mulher, seja qual for o seu propósito.
As histórias de Nnu Ego e de Buchi Emecheta nos dão a oportunidade de conhecer as formas que as mulheres têm vivido em diversas partes do mundo e de desenvolver reflexões acerca dessas experiências.
"Ser mulher" é incógnita, depende de onde e de quando você vive. Nos mais diversos lugares, sempre vem acompanhado de estereótipos a serem seguidos. Certo que, em todas as culturas, esperam comportamentos tanto do lado masculino quanto do feminino. Ocorre que, as mulheres, em geral, são as mais prejudicadas nessa relação. Até entre os que se dizem mais modernos.
"Permitir ser mulher", no entanto, tem um significado diferente. As palavras de Ona vêm carregadas de um sentimento de liberdade que, ao longo da história, vemos que somente se tornaria possível através do acesso à educação e à informação. Nnu Ego, no entanto, só conhecia a cultura de seu povo igbo, para os quais o mais importante na vida de uma mulher era a concretização da maternidade.
Assim, segue sua vida dedicada aos filhos e ao marido, não conhecendo outras alegrias que não sejam relacionadas à vida familiar. No entanto, estas também vêm acompanhadas de grandes tristezas e muita luta, as quais vão consumindo a protagonista pouco a pouco.
As alegrias da maternidade não é um livro comum, pelo que tem a acrescentar ao pensamento crítico acerca da liberdade para sermos as mulheres que desejarmos e sobre os percalços da maternidade. É um livro sobre a força da mulher, seja qual for o seu propósito.
Monna Silva
Comentários
Postar um comentário