Restrospectiva 2017

Seguem os posts do Instragram @nahoradolivro, no ano de 2017.


@taglivros: agosto/2017

Após receber quatro exemplares da #taglivros, esse foi o primeiro que fez meus olhos brilharem assim que abri a caixa. Amor à primeira vista, de verdade.

E não era para menos. Logo no primeiro parágrafo, fui capaz de entender o motivo daquela sensação e vislumbrar um pouco do que vinha pela frente: "Patriotismo era um sentimento forte no início de 1900. Teddy Roosevelt ocupava a presidência dos Estados Unidos. A população costumava reunir-se em grande número ao ar livre para concertos públicos, paradas, saborear peixes, piqueniques políticos, passeios, ou então dentro de casa, em salões, teatros de variedades, óperas, bailes. Parecia não existir entretenimento que excluísse enxames de pessoas. Trens, vapores e bondes transportavam-nas de um lugar para outro. Era a moda, era assim que se vivia. As mulheres eram mais robustas então. Visitavam navios empunhando guarda-sóis brancos. Todo mundo andava de branco no verão.As raquetes de tênis eram pesadonas e de formato elíptico. Havia muita opressão sexual. Não existiam negros. Não existiam imigrantes." 📚

História e literatura se misturam nesse livro. Em diversas passagens, parei para ouvir uma canção de ragtime citada ou pesquisar acerca de um personagem histórico. Fui tocada por cada crítica social, apresentada em um estilo de frases curtas e diretas, em uma narrativa marcada pela fragmentação e descontinuidade. 
As duas primeiras décadas do século XX nos EUA me pareceram tão caóticas quanto as nossas. Vi uma "América" com problemas próximos aos do Brasil.

Honrada por conhecer E. L. Doctorow e feliz de ter começado esse projeto de retorno à leitura com um livro tão enriquecedor.

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"As recordações borbotando levaram-me,em pouco tempo,para o espaço muitas vezes visitado." 🏜

Ganhei esse livro de presente de alguém que sabe o quanto amo as coisas do sertão nordestino. Meu pai é nascido no interior da Paraíba e eu morei um ano e meio no Vale do Pajeú, em Pernambuco. O apego vem do sangue e da vida.

Nesse livro, o espaço descrito é o Sertão do Seridó,no Rio Grande do Norte. Tão cheio de histórias quanto os sertões pelos quais passei.

Lembranças de infância se misturam a atuais impressões e sentimentos da autora, que volta ao local após anos de distanciamento.

Fotografias acompanhadas de crônicas mostram a beleza das terras em épocas de seca e de chuva. A religiosidade, a tradição, os sabores e cores da região são relembrados de forma simples e afetuosa, tornando a leitura leve e acolhedora.

Um livro de fotografias,prosa e poesia de sertão para acalentar a saudade de quem já passou por lá e para levar quem nunca foi, em uma viagem que vale muito a pena.

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O Morros dos Ventos Uivantes sempre foi um livro que despertou a minha curiosidade. Um clássico que já estava mais que na hora de ler.

E qual não foi meu espanto ao sentir, nos primeiros capítulos, dificuldade em continuar. Vou confessar que ainda estou digerindo a história.

A ênfase nas falhas morais dos personagens é angustiante. A natureza humana é retratada como cruel, orgulhosa, caprichosa, vingativa, egoísta, ambiciosa...são tantas as distorções de caráter que nem dá para listar tudo. Não vou negar que senti repulsa por quase todos os personagens, que possuem inúmeros defeitos, à primeira vista imperdoáveis, com exceção de um ou outro, como a governanta Nelly e o patriarca Ernshaw.

Também me senti lembrada a todo instante o quanto era fácil morrer naquela época. Por qualquer coisa,cedo na vida as pessoas iam para baixo de sete palmos de terra. Uma chuva, um vento frio, uma fraqueza de nascença que não tinha recuperação...Fazia tempo que não via tanta gente bater as botas em uma só história. Fiquei meio depressiva pensando no assunto.🤔 Apesar disso, à medida que insisti na leitura, o livro foi se tornando intrigante. O triângulo amoroso formado por Heathcliff, Catherine e Edgar Linton foi um ponto que me deixou bastante reflexiva. As relações de poder que se desenvolvem entre esses e outros personagens também me chamaram bastante atenção. Os bons sentimentos de Heathcliff, bruto até a raiz dos cabelos, em relação a Hareton, filho de seu maior inimigo, me deixaram surpresa e achando que ainda havia esperanças naquele mundo. E o final, bem inesperado, acabou mesmo soando como uma redenção, para vivos e mortos. A impressão é que tudo voltou ao seu devido lugar, como no início, apesar dos diferentes protagonistas. A justiça foi feita, por bem ou por mal.

O Morro dos Ventos Uivantes é um livro que surpreende. Mais ainda quando se busca um pouco da história da sua autora, Emily Bronte. Só não vai virar meu livro de cabeceira, como já vi muita gente dizendo por aí. Ao menos por enquanto.

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@taglivros:setembro/2017

Esse livro aí em cima me fez chorar. E me fez rir muito também. O mais engraçado é que não seria uma leitura que escolheria por mim mesma. A narrativa gira em torno de um filho relembrando histórias do pai que já morreu. E fala também sobre a imprensa brasileira, desde a década de 1920 até o início da "modernização", lá pelo final dos anos 1960, aproximadamente. Soa como uma quase-biografia, mas vai muito além disso. Um quase-romance, uma quase-coletânea de contos, com base em uma quase-memória. E é nessa zona cinzenta que está o diferencial desse livro emocionante de Carlos Heitor Cony que, vale lembrar, é membro da ABL desde 2000.

Acho que não há quem não pense em sua própria história de vida e faça reflexões sobre o quanto cada momento em família, por mínimo que possa parecer, é capaz de moldar nosso caráter e nossa forma de lidar com os acontecimentos ao nosso redor. E como toda essa convivência intensa da infância e da adolescência faz falta. Até aquela super vergonha que o pai ou a mãe nos fez passar por cuidado e amor extremos ou aquele fracasso deles que a gente assistiu ficam diferentes.

Logo depois de ler esse livro, liguei pra casa só pra ouvir a voz dos “jovens”, que é como gosto de chamar meus velhos. Mas ainda bem que telefonema ainda não tem vídeo embutido. Senão meu nariz vermelho e cara de choro iam ser motivos pra mais uma dessas histórias que bem que poderiam ser contadas em um livro. 📖#nahoradolivro #literatura #livro #book#literature #quasememoria#carlosheitorcony #taglivros #bookaholic#booklove



“O fato de transgredirmos nossas próprias regras só demonstra que estamos conscientes de que a cada dia aprendemos um pouco mais, ou desaprendemos um pouco mais, o que também é amadurecer. Não estamos congelados em vida. Podemos mudar de ideia, podemos nos reapresentar ao mundo (...) Ninguém precisa ficar desconcertado diante de alguém que se desconstrói as vezes.” 🤔 Sempre li crônicas avulsas, sem nunca ter pego, sequer por curiosidade, um livro inteiro do gênero. Achava que, se fosse pra passar um tempo grudada em um livro, só fazia sentido se ele tivesse um foco, apenas uma história, com começo, meio e fim. Mês passado, no entanto, me desafiei 💪 e adquiri uma coletânea desses pequenos textos. O escolhido foi “Doidas e Santas”, 😵👼de Martha Medeiros. As crônicas foram produzidas e publicadas ao longo de três anos, de outubro de 2005 até julho de 2008, nos jornais O Globo e Zero Hora. O trecho do início, copiado da crônica "Balançando estruturas",descreve bem a sensação que tive ao terminar a obra. Ousar é viver! Passear por outro gênero literário, diverso dos de costume, é mais que válido! 💃Não à toa esse livro é um best-seller. Além do senso de humor contagiante e da linguagem acessível, Martha consegue desenvolver reflexões que dialogam com nossa humanidade. Durante a leitura, é impressão frequente sentir-se nas situações descritas, percebendo-as de modo diferente do habitual. Apesar de algumas discordâncias pontuais, a toda hora via um alerta de que somos mais parecidos do que imaginamos e que andamos concentrados demais nas diferenças como algo negativo. A empatia pelo outro é uma constante do livro.👨‍👨‍👦‍👦👨‍👨‍👧‍👧👨‍👨‍👧‍👦
Também foi curioso acompanhar como Martha se desenvolveu ao longo dos anos. Ela já era genial em 2005, mas é notável como os textos, apresentados em ordem cronológica, vão ficando cada vez melhores. 👍Já pensando na próxima novidade para incluir na lista. Um exemplar de terror seria superação. 😰 E pra você?Que gênero literário seria desafiador? #book #livro #literatura #literature#cronicas #marthamedeiros#doidasesantas


Monna Silva

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