Olhos d'água, de Conceição Evaristo - 𝘙𝘦𝘴𝘦𝘯𝘩𝘢 𝘱𝘰𝘳 𝘔𝘰𝘯𝘯𝘢 𝘙𝘰𝘣𝘦𝘳𝘵𝘢
Quem lê esse título tão belo e poético, que aparenta falar apenas de fragilidade, sequer pode imaginar a força dos contos presentes nesse livro de Conceição Evaristo.
Não é possível lê-lo sem se sentir tocado. Os olhos d'agua estão nos personagens, mas também brotam em nós, leitores, diante das dificuldades na vida das pessoas com menos ou nenhuma oportunidade.
De longe, esse foi um dos livros de contos com mais forte unidade temática que já li. O mais pesado, sem dúvida. Muitas vezes, lemos contos para tornar nossas almas mais leves nas agruras do dia a dia, até dar boas risadas. Não é o caso desse livro, nada fácil de se ler. É preciso estar preparada(o), pois é repleto de gatilhos. No entanto, é uma obra necessária, sem dúvidas, para que sempre lembremos de resgatar nossa humanidade, diante do torpor que muitas vezes nos toma.
Há diversas personagens mães e mulheres, mas também homens frutos de seus ventres, todos imersos em ambientes inóspitos, onde é quase impossível enxergar um caminho diferente. A falta de oportunidades e o racismo nosso de cada dia deixa marcas e destroi vidas. O livro alerta a todo tempo da insensibilidade dos que passam, veem e continuam seus caminhos, como se a dor do outro nada significasse, como se os problemas do outro também não refletissem em cada um de nós.
Há fome e dor, desespero e saudade. E lágrimas, muitas delas. Mas há amor também. E lições. E formas diferentes de olhar.
Um livro que, com toda a sua sensibilidade, deixa marcas profundas na gente.
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